sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A maior (e melhor) herança que alguma vez terei dos meus pais é a educação

Faz-me bastante confusão ouvir dizer que é impossível um casamento durar décadas, que é impossível haver amores eternos, porque, no entender de quem o diz, é impossível amarmos a mesma pessoa anos a fio. Ouvi muito estas pérolas nos últimos dias, por causa da notícia mais badalada das revistas cor-de-rosa desta semana. Faz-me confusão, porque não preciso de procurar muito para encontrar um exemplo de AMOR, puro e verdadeiro.

Os meus pais já contam com mais de 30 anos de casamento, e mais uns quantos anos de namoro. E eu tive a sorte de nascer e crescer no seio de uma família verdadeiramente feliz e unida. Vejo nos meus pais o mais perfeito exemplo de amor, de amizade, de companheirismo, de ternura, de carinho, de cumplicidade. Sempre lhes vi nos olhos todos esses sentimentos: o brilho no olhar não engana, são o amor da vida um do outro. Ao longo da minha vida, poucas foram as vezes em que vi os meus pais chateados, e mesmo quando isso acontecia sempre houve da parte deles o maior cuidado para que isso transparecesse o menos possível para os filhos. Para mim são o mais puro exemplo de AMOR. É a esse patamar que gostaria de um dia chegar.

Tenho o maior orgulho nos meus pais, quer enquanto casal quer enquanto seres individuais. São pessoas maravilhosas e eu sinto-me verdadeiramente abençoado pela educação que tive, pelos valores que me foram transmitidos.

Sou o que se pode denominar de "menino dos papás" (no bom sentido), e com o maior orgulho. Tenho e sempre tive uma óptima relação com os meus pais (houve apenas uma situação de excepção, mas por minha culpa - estava na idade da estupidez :$). Mas identifico-me muito com o meu pai (e, curiosamente, toda a gente diz que sou extremamente parecido com ele - quer fisicamente, quer de personalidade). O meu pai é o homem que eu gostava de um dia vir a ser (mas juro que serei feliz se um dia conseguir chegar-lhe aos calcanhares). É um excelente pai, um excelente marido, um excelente irmão. Foi um excelente filho. É o melhor amigo que se pode ter, é um bom ouvinte e igualmente bom conselheiro. E ensinou-me a ser homem.

Há uns dias escrevi, num contexto que agora não importa, as seguintes palavras:
"Todos nós, enquanto pessoas, somos fruto da educação que nos deram e de mais alguns factores (o que nos rodeia). E na idade da aprendizagem, quando começamos a sugar os ensinamentos que nos são transmitidos, aprendemos mais por imitação do que por palavras. E eu tenho a sorte de ser filho de um grande homem e de uma grande mulher, que me ensinaram a ser responsável, a ser adulto, a brincar quando é hora de brincar mas também a ser sério quando assim tem de ser, que me ensinaram também a pensar pela minha própria cabeça e não ser influenciável, que me ensinaram que o 'poder' (neste caso, os poderes que vamos conquistando à medida que vamos crescendo) traz sempre grande responsabilidade. E almejo um dia poder chegar aos calcanhares do homem que o meu pai é."

A minha família é o meu maior orgulho. E juro-vos por tudo: só eu sei as saudades que sinto das minhas pessoas, mas sobretudo dos meus pais. Os meus pais são a minha orientação, são eles que me ajudam a não perder o norte. Os meus pais são as pessoas que mais amo e admiro na minha vida. E de uma coisa tenho a certeza: se a lei da vida se aplicar (os pais partirem antes dos filhos...), sei que no dia que os perder vou perder uma grande parte de mim. Uma grande parte de mim morrerá nesse dia. Eu já lido terrivelmente com a perda, perder os meus pais então é algo que nem consigo sequer imaginar... Dói demais tentar sequer imaginar como seria a minha vida sem eles!

Sei que nem sempre fui o melhor filho do mundo, mas esforço-me diariamente (a opção que fiz há uns anos atrás, de vir para longe, foi por eles - e não me arrependo, faria tudo novamente quantas vezes fossem necessárias!). Sei que ainda não sou o homem que quero ser, mas também sei que me orgulho cada vez mais de mim e do homem em que me estou a tornar (especialmente nos últimos anos - foi preciso bater no fundo para perceber, com clareza, o caminho que quero seguir). Porque sou fruto de uma educação que considero exemplar. Obrigado pai, obrigado mãe. O que sou hoje, é a vocês que o devo e sou-vos profundamente grato. Sei que se orgulham de mim, já mo disseram, mas eu quero sempre ser mais e melhor. Amo-vos, com todas as minhas forças.

(É, as saudades e a falta de colinho nos momentos difíceis dão nisto...)

18 comentários:

  1. Adorei o texto. Gostava de também de ser assim. Os meus pais são óptimos. Eu é que às vezes não sou como eles gostavam que fosse.

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    1. Os pais aceitam-nos como somos, não penses que "não és como eles gostavam que fosses". De certeza que eles se orgulham de ti pá ;)

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  2. Obrigada, Roger! São palavras como as tuas que me lembram que afinal o Amor é possível.
    E é verdade, a educação traz-se de casa, pena é que, infelizmente, a maior parte das pessoas não perceba isso e continuemos a ter pessoas tão mal formadas.

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    1. O amor é possível, tal como é possível ser-se verdadeiramente feliz com a mesma pessoa anos e décadas a fio :)
      Quanto à educação, sem dúvida que é o que mais agradeço aos meus pais. Não sou um poço de virtudes, mas considero que tive uma educação exemplar :)

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  3. :) Que bonito. Um dia quero ser e vou ser como a minha mãe... Acho que só com um pouco de mau feitio à mistura! ahaha Que assim continues Roger. Como és e com esse Amor incondicional. Beijinho

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    1. Obrigado :) e sem dúvida que é amor incondicional :)
      E um dia serás certamente como a tua mãe :)
      Beijinho

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  4. Os meus pais também são um grande exemplo para mim. Acredito que o amor dura para sempre, em alguns casais, e os meus pais são a prova disso. Estão casados há 40 anos! Eu assisti a isto só nos últimos 26, mas sei que foram sempre muito felizes.
    Percebo cada palavra que dizes. :)

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    1. Ainda bem que existem mais bons exemplos :)
      O amor existe mesmo, não é mito :)

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  5. roger, os meus pais estao juntos ate hoje, e sao felizes mas digo-te que cada vez vez penso que nunca conseguirei fazer um casamento longo... cada vez mais desiludo-me comigo e com os outros... a meu ver, casamentos longos já são uma utopia

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    1. Compreendo o que dizes, porque tu própria estás marcada por uma situação mais traumática e complicada. Contudo, não partilho a tua opinião. Ainda há amor, ainda é possível haver casamentos para a vida. E quanto a ti, não te tornes descrente pá :P

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  6. A internet foi abaixo no momento em que ia colocar aqui um comentário... Pelo que não sei se acabou por seguir. Se não seguiu, aqui está de novo. A ver se sai igual:

    Sinto um pouco de cepticismo. O melhor pai? O melhor homem, o melhor amigo, o melhor marido, melhor tudo numa pessoa só? Isso existe? Se um dia tiveres oportunidade talvez fosse interessante conversares com os teus pais só para lhes perguntar no que é que eles consideram que falharam. Ou o que sentem realmente um pelo outro passados tantos anos de vida em comum. Porque é do ser humano ter imperfeições e pelo menos ver mudar os seus sentimentos na forma ou intensidade. Daí o cepticismo. Talvez o teu amor, junto com a distância e a saudade tenha toldado algo.

    Também sinto cepticismo quanto ao amor eterno. Por isso tenho de te perguntar uma curiosidade que faltou neste teu íntimo relato familiar que tão corajosamente colocaste na blogosfera. Os teus pais casaram-se por amor ou por arranjo?

    (Não estranhes a questão, ela surge de conjecturas que tenho descoberto e sobre as quais gostava de obter mais dados.)

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    1. Wow, nunca tinha visto tanta descrença junta :P isso é que é cepticismo...

      Então vamos por partes... Para mim, o meu pai é o melhor homem que conheço, mesmo com todos os seus defeitos. Nunca disse (nem neste texto nem em lado nenhum) que o meu pai é uma pessoa perfeita. Mas, à luz dos meus valores, é a melhor pessoa que conheço. É íntegro, respeitador, trabalhador, tem bom coração, tem valores que considero importantes, sempre foi um excelente pai para mim e para os meus irmãos, sempre foi um bom marido para a minha mãe, sempre foi preocupado e atencioso para com a família, é muito amigo do seu amigo. Para mim o meu pai é um exemplo. Vejo nele o homem que almejo um dia ser (embora ele tenha melhor feitio do que eu xD). Se tem defeitos? Claro que os tem, não há pessoas perfeitas e os meus pais não são excepção. Mas vejo nos meus pais pessoas maravilhosas, a quem devo e agradeço tudo o que sou e tudo o que me transmitiram. Também já tive incompatibilidades e discussões com eles - qual é o filho que nunca se chateia com os pais?! Mas também sempre me dei bastante bem com ambos!

      Quanto ao casamento dos meus pais... Não, não foi por nenhum arranjo (nem eles são desse tempo mais remoto sequer - eu só tenho 26 anos, e os meus pais andam na casa dos 50!). Nem sei porque dizes que essa questão faltou no meu relato familiar, porque disse no post que vejo nos meus pais um amor genuíno desde sempre. Casaram por amor. E apesar da distância física que tenho deles neste momento e apesar das saudades, não estou minimamente toldado. Sei "o que tenho em casa". Cresci e vivi toda a minha vida a ver o amor incondicional que os meus pais sentem um pelo outro. Há um brilho no olhar deles, mesmo passados todos estes anos. Há uma cumplicidade ímpar. Há felicidade estampada nos seus rostos. E eu admiro isso! Se por acaso os meus pais tivessem deixado de se amar e se tivessem divorciado, eu ia continuar a amá-los obviamente da mesma forma e a admirá-los enquanto pessoas. Mas felizmente tive a sorte de crescer numa família VERDADEIRAMENTE unida e feliz. E sou grato por isso.

      Não entendo o porquê de tanta descrença. O amor para a vida é possível, sim. E espero, mesmo sem te conhecer, que toda essa descrença nunca te torne numa pessoa amargurada ;)

      Só para concluir: "Por isso tenho de te perguntar uma curiosidade que faltou neste teu íntimo relato familiar que tão corajosamente colocaste na blogosfera.". Não vejo onde está o relato íntimo nem a coragem :P a minha família é o meu maior orgulho e não tenho problemas em dizê-lo, seja onde for ;)

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    2. Olá. Fico feliz. Feliz pela tua situação familiar. É um tesouro e sendo o caso julgo que existe uma espécie de «dever» dos filhos em tentar criar a própria família tão bem ou melhor do que o exemplo que se teve.

      Não me considero uma pessoa amargurada e acho que nunca serei. Mas a vida pode sempre surpreender. Sem dúvida que adoro os pais que tenho de uma forma incondicional e com um amor que só lhes quer bem. Um amor de filho para pais - que é aquele que considero realmente eterno embora para tudo existam umas parcas excepções. Não tive a mesma vivência familiar que tu nem foi sempre um mar de rosas. Mas jamais duvidei do amor entre os dois e via-o no olhar. Mas o tempo mudou isso. Não foi eterno. O brilho no olhar não durou uma vida.

      Embora tenha as minhas teorias sobre isso (agora não interessam) queria compreender outros exemplos. Quero tentar perceber, por exemplo, o que acontece nas uniões por arranjo. Em algumas culturas ainda é prática generalizada, os jovens casais casam-se por conveniência social e económica. Até há pouco tempo era prática comum até cá, em Portugal.

      Na minha família ninguém se uniu por conveniência. Todos escolheram os respectivos parceiros, mesmo nas gerações mais antigas. Mas ao realizar genealogia entrei em contacto com uniões de facto em que os pais é que escolheram com quem as filhas iam casar. E me surpreendi com a descoberta, pois não imaginava que aquele casal apontado como pais extremosos que fizeram tanto pelos filhos tinham começado uma vida em comum sem afecto de maior.

      A curiosidade é tremenda, e daí ter feito a última pergunta. Se calhar a felicidade é atingível em quaisquer dos casos. A meu ver um casamento feliz talvez não dependa tanto ou só do AMOR. Talvez este esteja sobrevalorizado. Existem outros sentimentos a meu ver, vitais para o sucesso de uma união. E depois se se colocaram todas as "fichas" no amor, o excesso de expectativas ou de romantismo pode ser a explicação para os tantos desgostos e relações falhadas de que se ouve falar.

      Outra curiosidade: muitos jovens de hoje também se contentam com parceiros que arranjaram para não se sentirem sozinhos, mas pelos quais não se sentem apaixonados. Ás vezes até casam, têm filhos... mas não começou por amor. Basta ler a secção de um consultório sentimental de uma revista, ouvir conversas, descobrir casos... Algumas pessoas até confidenciam que chegaram aos 40 anos sem nunca se terem apaixonado. É outra curiosidade minha. Enfim. Se calhar estou a misturar um pouco os assuntos, desculpa. A felicidade dos outros é algo que me deixa feliz também pelo que agrada-me saber que te consideras oriundo de uma família verdadeiramente unida e feliz. A última pessoa que conheci que estava sempre a repetir isso eu pude confirmar in loco: era a mais pura verdade!

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    3. "Mas jamais duvidei do amor entre os dois e via-o no olhar. Mas o tempo mudou isso. Não foi eterno. O brilho no olhar não durou uma vida. " - acima de tudo quero que os meus pais sejam felizes. São felizes juntos, felizmente. Amam-se e eu cresci num ambiente familiar verdadeiramente feliz. Mas caso deixassem (ou deixem, no futuro) de se amar, desde que sejam felizes, eu sou feliz por vê-los felizes.

      Na minha família ninguém se casou por conveniência, mas sim por amor, por isso não te posso satisfazer essa curiosidade.

      "A meu ver um casamento feliz talvez não dependa tanto ou só do AMOR. Talvez este esteja sobrevalorizado. Existem outros sentimentos a meu ver, vitais para o sucesso de uma união. E depois se se colocaram todas as "fichas" no amor, o excesso de expectativas ou de romantismo pode ser a explicação para os tantos desgostos e relações falhadas de que se ouve falar. " - como eu disse no post, nos meus pais não vejo só amor. Vejo carinho, amizade, cumplicidade, companheirismo, respeito mútuo, etc. Eu sei que amor só não chega - há muitos casamentos que chegam ao fim não por falta de amor mas por falta de outros ingredientes essenciais. Mas acho que um casamento não perdura no tempo, satisfazendo os seus intervenientes (ou seja, com felicidade), sem amor.

      "Outra curiosidade: muitos jovens de hoje também se contentam com parceiros que arranjaram para não se sentirem sozinhos, mas pelos quais não se sentem apaixonados. Ás vezes até casam, têm filhos... mas não começou por amor." - fruto da sociedade, que "condena" quem fica sozinho (seja por opção ou não). Não é por acaso que, quando se começa a chegar perto dos 30, começam a ouvir-se com frequência perguntas do género "então e casamento? então e filhos?". E há muita gente que não tem personalidade para assumir as suas escolhas ou para assumir que ainda não encontrou a pessoa certa, então deixa-se afectar pelas pressões da sociedade, porque "oh, já tenho 35 anos, qualquer dia já não posso ter filhos (no caso das mulheres)". Os outros só aceitam as nossas escolhas se nós as aceitarmos também.

      "A última pessoa que conheci que estava sempre a repetir isso eu pude confirmar in loco: era a mais pura verdade! " - no meu caso, posso garantir-te que também é a mais pura verdade. Se calhar caíste aqui no estaminé "de paraquedas" e não leste o meu blog mais a fundo, mas posso garantir-te que neste blog está muito do que sou. Não está tudo do que eu sou, mas está muito. E se há coisa que sou, comigo e com os outros, é sincero e genuíno. Tudo o que é postado aqui, corresponde à realidade e, como tal, nunca iria criar uma fachada da minha vida familiar. Até porque me orgulho muito da minha família e das minhas raízes.

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  7. Que declaração bonita :) os teus pais devem ter ficado de lagrimazinha no canto do olho.. eu ficava :p

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    1. Obrigado :)
      Os meus pais não conhecem o blog. Mas não está aqui nada que eles não saibam já ;) eles sabem que os amo, que os admiro e que os respeito muito ;)

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  8. Olha gostei muito desta declaração e sabes podia ser tua mãe ( não temas porque não sou, mas tb tenho um filho longe... ) ..sim é possivel haver um amor de muitos anos fruto de um casamento tradicional e respeitarem-se e amarem-se durante anos e anos a fio como os teus pais . O amor é uma coisa a paixão outra, mas é o amor que vence que transforma o nosso marido no melhor companheiro, amigo , no maior cumplice. Permite-nos viver junto por cumplicidade e não por necessidade. É um estágio muito acima do que hoje é comum , mas é possivel sim .Tranquiliza-te que os teus pais amam-te incondicionalmente mesmo que não o digam ...sentirão saudades, mas há coisas que não se dizem sentem-se . Pais/ filhos a sério são aqueles que estando ausentes ,são presentes sem necessidade de estarem sempre lá...Eles terão o maior orgulho naquela pessoa independente que te transformaste e desejam que vivas o mais feliz possivel e que encontres o teu amor para a vida, porque é possivel sim!

    Só comentei, essencialmente, para desmistificar alguém que nos comentários se mostrou amargo e céptico. As mentes abertas não têm idade,mas o respeito é conciliável também!.:)

    Beijinhos

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    1. Obrigado pelas tuas palavras, Sorriso :)
      Eu sei que os meus pais amam-me incondicionalmente, e eles verbalizam-no também. Tal como eu o faço. E não tenho complexos nenhuns nem vergonha de o demonstrar, sou o próprio a considerar-me "menino dos papás": sou muito apegado aos meus no geral, mas sobretudo aos meus pais :)

      Beijinho

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